Figura mitológica: Centauro
Visto de cima, do alto de um rochedo inerte fincado fronte ao vale úmido há milênios, sua latitude avançava equadores, destilava amadeirados tons e cobria de limo agridoce toda a superfície estratosférica perene.
Gigante em extensão, o mitológico centauro do sertão, era metade
homem, metade besta. Pura força e rudeza tomadas de assalto num corpo e mente
vigoroso, maciço em bronze.
Trombetas e trombones feitos de seus chifres emanavam cânticos ancestrais e oscilavam em redemoinhos aspirais teratológicas alegorias. Tautológicas evidências.
Trombetas e trombones feitos de seus chifres emanavam cânticos ancestrais e oscilavam em redemoinhos aspirais teratológicas alegorias. Tautológicas evidências.
Torcido trapézio de silhueta curvilínea saída da costela de sua própria natureza. Pressiona sua anca, veste sua armadura, chama o batuque, aquece os tambores, gira na cadência das horas, porque os ruídos rítmicos e selvagens da fusão das eras não surtiam mais o devido efeito.
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Mas sempre havia aquela cabaninha erma recostada por
folhagens tropicais, na Bahia das almas. Tão longe, mas não vaga, onde pirilampos
e vaga lumes a rodeavam em festa ao luar. E ascendiam seus folguedos a partir de faíscas de aquecer.
No balanço suave das folhas, enroscado em cipó, pendia o
pendente de gera quente, muco, retilíneo. Homem-menino, da beira do rio, ancorado
em sua barca, ante a ribanceira. Só desce lama e caos daí já diria sua rebenta entusiasta, então pacientemente macerado o barro, faz surgir seu fado com formas ventosas, capazes de sufocá-lo em tentáculos
afãs.
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Homem-menino e velho ermitão cujas tranças de sua barba ruiva sustentavam hábitos
arraigados numa virtuosidade impecável às vistas dos reles
mortais.
Pela manhã saia frívolo e frugal em busca de frutas da
estação. Colhia-as uma a uma, com todo o cuidado necessário para que não
mofassem junto às outras na amarração. Secava e adornava seu arranjo, de acordo
com o ritual pagão criado por ele mesmo, em vislumbramento. Delimitando a circunferência com cascalhos ateava um fogo aceso rusticamente
com pedaço de pau e pedaço de pedra. Sal e saga daquela terra.
Afasta-se, recuso, porém não teimava em desbravar refúgios, que
com vara curta atiçava à distância. Em vãos vôos válidos. Rasos de profundidade rasgada à carne crua.
E por ser só, já se sabia de antemão que era não mais que
uma opção. Como conviver lá em baixo, em meio às angústias mundanas? Como
compartilhar da dor impunemente? Como não se sentir responsável? Como não se
sentir impotente?
Lá do alto ele estava mais perto do céu e as cores de baixo
não passavam de meros borrões desfocados. Talvez opacos, talvez inúteis.
Sendo assim não é qualquer pieguice que sobressai aos olhos.
Sentado a observar em suspensão sentia medo, dissabor, a boca seca, a mão fria e uma fome devassadora.
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