sexta-feira, 27 de maio de 2011

Que importa?...




Eu era a desdenhosa, a indiferente, 
Nunca sentira em mim o coração 
Bater em violência de paixão, 
Como bate no peito à outra gente.



Agora, olhas-me tu altivamente, 
Sem sombra de desejo ou de emoção, 
Enquanto as asas loiras da ilusão 
Abrem dentro de mim ao sol nascente.



Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte; 
Como nascida em carinhoso monte, 
Toda ela é riso e é frescura e graça!



Nela refresca a boca um só instante... 
Que importa?... Se o cansado viandante 
Bebe em todas as fontes... quando passa?...



                         Florbela Espanca

                                    

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