Mas não, é abstrata, é uma ave
De som volteando no ar do ar,
E a alma canta sem entrave
Pois que o canto é que faz cantar
Fernando Pessoa
Mas eu, em cuja alma se refletem As forças todas do universo, Em cuja reflexão emotiva e sacudida Minuto a minuto, emoção a emoção, Coisas antagônicas e absurdas se sucedem — Eu o foco inútil de todas as realidades, Eu o fantasma nascido de todas as sensações, Eu o abstrato, eu o projetado no écran, Eu a mulher legítima e triste do Conjunto Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água. |
Baladas de uma outra terra, aliadas Às saudades das fadas, amadas por gnomos idos, Retinem lívidas ainda aos ouvidos Dos luares das altas noites aladas... Pelos canais barcas erradas Segredam-se rumos descridos... E tresloucadas ou casadas com o som das baladas, As fadas são belas e as estrelas São delas... Ei-las alheadas... E sao fumos os rumos das barcas sonhadas, Nos canais fatais iguais de erradas, As barcas parcas das fadas, Das fadas aladas e hiemais E caladas... Toadas afastadas, irreais, de baladas... Ais... Fernando Pessoa |
Não, São Paulo não me cativou nesse ano. Para mim, privilégio não é estar onde “todo mundo está”, mas estar em um lugar onde se pode, num ...