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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

lapsos

Rene Magritte- Invisible world, 1954

tudo se antecipa numa dimensão paralela
meses, acontecimentos, dias
no entendimento são milésimos
de segundos
dispersos  e precedentes
e quando se efetivamente descobre
o que o real te apresenta
descortinado
irrevogável prenda
que te pertence e te prende
ou aceita e trabalha
ou enlouquece e se
entrega
à qualquer paixão que o valha

domingo, 9 de setembro de 2012

dissolve


Nos desertos de sal
harpas sozinhas entoam
desmedidas sintonias

vórtices de mandala
e rosas de cheiro

véus ganham alturas
de éter exalado

dedilhar o manuscrito
artefato de enigma

o que houver de grande
o céu abarca
o que houver de forte
a água dissolve

 no ermo
do oceano onde
o  eco

alivia o hálito de vento
cintila uma luz suave
no desfiladeiro

escorregar
feito seda
de leito
e corredeira
 rio
adentro
feito gruta de embrenhar
feito pedra e osso
de perdição

Pêndulo do inconsciente


Há de se ater sempre
num contínuo esforço imaginário
onde toda obstinação de visagem  
investida em  viagens de pensamento
se ancore ou decante

seu desdobrar era como um pendulo poderoso,
ora ia cheio de mistério,
ora voltava cheio de criatividade
trazendo imagens tão fluídas
como símbolos do inconsciente

presença de trajeto
entre o nada e o excesso




quarta-feira, 14 de março de 2012

sumo da seiva

extensão do sonho em estado imantado

magia que extrapola o sono e entranha o dia

chuviscos de luz e fomento reflexivo

como se todo lapso de segundo disperso relembrasse o abismo

portal encantado por trás da cascata onírica

e quando os passarinhos sobrevoando em cortes ligeiros rasgassem o ar em zunido fino

e a queda transparente e ininterrupta levasse toda sorte de fluência para as latências do vale

que levanta sutilmente suas colinas verdes servindo de escorregador para as linfas silvestres-

seivas da terra espremida,

Por todo seu lodo, por toda sua lida!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

fio de corte- pedra fundida

como se quisesse
ou como se pudesse
como?
me desligar...
roda do sofrimento budista, reencarnações espíritas
ectoplasmas, enganos, sortilégios, encantos
do eterno retorno
ainda que desloque
sou e vou estar
e continuar sendo
sinto
até quando?
não sei quanto
ainda sendo
ser serei
em essência psique
forma de desgarrar não há
perecer
em consciência  adormecida...
estamos fadados a sermos nós mesmos pra sempre,
por eras e eras a fio.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Minas



Araxá-MG


Alterosas curvilíneas escondem
suas minas subterrâneas
por onde a água corre
em filetes capilares
abraçando os montes
brotando de nascente cintilante
e jorrando em queda cachoeira





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Letra à litro


Luminárias de pétalas claras
cascata
anjos acesos e multicoloridos
fluidos
labirinto de copas rosas
fragatas
caleidoscópio
brilho


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Jardim onírico


Tem quimeras em meu jardim
contas de lágrimas em florescência
lírios delirantes em copos de leite nos igarapés
vitórias régias do meu bem querer ruborizado
bolhas de sabão contendo plasmas de intuição
 e compaixão de brandos pranas  de sândalo
brancos estandartes encravados em terra nostálgica
fontes em tranças de fitas adornadas nas franjas da percepção
perdição de espaço sideral- travessia anedótica
quiasma que espanta e prevê
asas de envergadura, vôo raso detalhado
pela minúcia e argúcia localizada
abnegação de instinto bicho
olhos de águia na madrugada
linha do tempo antes do instante
tempero de enlevos restantes
intensidade medida pela  palavra
o excessivo, descoberto, fluindo desgovernado
desamparo de pálpebras invertidas e cílios cerrados por raízes aéreas
letras cristalizadas como favas de mel hidropônico cultivado no mais comedido trato
correnteza de suntuosidade reluzente de subir a corrente de prata umbilical
laços de jasmim e fantasias luminosas
no coração de uma bananeira


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

maldita


Tinha o traquejo das mulheres mal faladas,
das negras abusadas,
das índias corrompidas,
das meretrizes de beira de estrada,
das púberes perdidas

Carregava a lembrança das avós moribundas,
das mães ressentidas
das netas larapias,
das filhas ingratas,
das sogras malditas,
das cunhadas safadas,
das madrastas incautas


* Poema em processo de construção.

terça-feira, 6 de setembro de 2011


estrelas de esporas cravejadas
num  flanco retorcido
trotar contido
[diamante incrustado]
 dorso latente ao incômodo das pontiagudas diminutas
estreitezas de
lágrimas cristalizadas
gotas plácidas
em adornos rituais
relinche selvagem
 crinas penteadas
tilintar do prado amarelo seco
orgânico
*Havana D’alva*


domingo, 4 de setembro de 2011

garganta.


Nó na garganta
desce seco
embarga
engasga
pedágio
trôpego
trânsito
de enlevos
transformados
no fio da navalha
tênue engodo
passarela transversal incauta
em redemoinho alucinógeno
gato xadrez de sobressalto dá um pulo assustado
argonauta estendido plasticamente à marés 
retumbado e contorcido à dois drinques e seus gelos trepidantes
trincados dentes de tranca e olhos de tentos da sorte (atentos intentos)
lâmpadas amarelecidas, fumaça opaca afiada enrolando
falta de oxigênio, graçapé no aquário, dourado-claro caramujo
esconderijo em espiral, reduto universal das voltas e reviravoltas
overmundo.



domingo, 24 de julho de 2011

armadilha ciliar



Encharcada espero estar no dia em que me afogar em sua armadilha ciliar
planta carnívora sedutora à devorar-me
 (cerrados de engodo)
mosca-lesa preza na gosma insule
aprisionada em iscas de ficar
quando hipnotizadas retinas
e a boca à salivar vontades
ardentes de mordiscar
e quando a lágrima junção
de redutos escusos
em salgada sede de umedecer encantos
de atrever se ao céu de estremar
ares de motivação real
amarração de escape inevitável
arrebatamento necessário

terça-feira, 12 de julho de 2011


Homens são pilares do tempo ambulantes
Carregam em seus eixos diametrais
Seu signo - seu giro

Rochas ígneas transversais em travessia
Sedimentação de eras passadas e atuais
Poeira cósmica perene pulsante

Travando no embate cotidiano seu cerco
de alcance- revanche da abstração de pensamento
momento - fragmento- nuance.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

campanhia



Hoje senti o sangue coagular nas veias
como nos tempos de criança investida
com frio na barriga quando tocava,
a campanhia e corria.

domingo, 29 de maio de 2011

Cavalo alado




Oh! Grande senhor das horas do tempo imaculável,
por todas as voltas que essa esfera dá,
em torno de si e em torno do sol, te rogo:

me apresente algo que paire para além dos círculos de um girassol
que não seja pressão de cachoeira em queda livre
arvorecer em horizontes de esticar a vista
planaltos e planícies douradas
ou brisa de campo rosado.

Tenho anéis de cerrado
cercando-me.


Ah! Que blasfêmia voz digo
portentosa alegria só se encontra no entrevo
do desfiladeiro de força centrípeta

nem lá, nem cá

 na travessia...
pontilhão de arruaça
 tênue linha.

Enquanto a  terra gira à pina...


Vem logo,
vem me buscar
cavalo alado dos dias,
por aqui o vento venta apressado
uivando e chamando toda a matilha

Aqui nada se esvai ou dilui
à total revelia

Toma de pulso certeiro
sua vida, seu tino
que o mais ao passo de trotes
é o mesmo destino console acolhido

Pra ganhar imensidão de céu azul!
É preciso arriscar,
alcançar a fronteira
daquele rincão encantado
de soalho molhado fecundo
ante a ribanceira.









terça-feira, 26 de abril de 2011



Velocidade à galopes intergalácticos / morosidade maré mansa



É preciso haver o choque para que haja o contato? Sem o fato, só ato falho.



Peixes abissais estão acostumados à penumbra,
não se desvencilham nunca
da perspectiva turva.



Mas enxergam deturpadamente seus reflexos enternecidos por alegorias ilustradas.



Padedê de retinas descoladas à margem do que possa acontecer.



Amplidão pueril em tardes ermas.




Vigorosamente coloridas por suas lombrigas em desvario.






sábado, 16 de abril de 2011

delicado e expressivo


Uma mão delicada
segura maças renascentistas
capazes de camuflar as marcas do destino
apodrecidas ou não, não são tão grotescas assim

Uma tez alva, um cerrado “mustache” expressivo
Trazia-te um ar de sobriedade canina à La Frank Zappa
como um trago de fumos exóticos em cachimbos de madre pérolas

Carregava um torpor eufórico e compartilhava existenciais fenômenos, único
barragens, barreiras, construtos “from Wood”
não é à toa que toda, toda
todos e tudo mais
te tinto que te tanto
trepido fascínio 


abraços querido.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aquário translúcido


Aquário translúcido
Rapadura e requeijão
Mergulho, cabeça coral
Corte, rasgando pulsão de azul escarlate

É "cumpanheiro" 
divide a cama e a fama
 lençóis lavanda
brancos áureos imaculados
nem fécula de batata
só um cavalo doido pastando
trevos de quatro folhas

Abre-se a janela
É dia, o sol torpente
Pesadelos de todas as ordens se esvaem
O brilho já não tinha mais a mesma cor
Nada de extraterrestres, nada de extraordinário
Tudo volta a ser opaco e vespertino
Como a brisa da estrada em alta velocidade
Ganhando pastos, ganhando carcarás no ar
Extrapolando fronteiras de todas as ordens
Forasteira da verdade
Mesmice, insanidade

                                              L'oiseau (1928),a painting byPablo Picasso

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Melodias harmoniosas em limites próximos vem num sopro vespertino





Revoada de codornas chocas
remanso de vertigem passageira
esteira de palha e as pedras no milho
paiol, cobra coral chocalha
bicho de pé na mangueira
fogueira e as labaredas
pássaros citadinos noturnos
são pardais à procura de becos entre frestas
nas varandas e varais
vilas da alma
vilipendiado viveres
paina e plumas das palmeiras
coco oco, ribanceira
Lesmas, caracóis, espirais
Curral, bezerro pula
freira gorda alada
Poeira levanta, leite no balde
Polenta deglute, miado de gato
Tecendo saberes
nos melindres maus dizeres
nos causos, infotúnios
nas interações da rotina
Zumbizando voa o mosquito
Zoa no ouvido o zumbido
Fera, farpa, atrás da cerca
Fecha porta Mariquita!
Abre só ao ½ dia.







terça-feira, 29 de março de 2011

Espanta-te

É que por ora
Passam à largo do sentimento,
Sanguessugas do lago negro,
que acostumaram-te a te tirar proveito

Tomaram-te de início num sorvo, num trago, num gole
 todo alento de encantamento

te despiram , te cuspiram,
 te enfeitaram, te veneraram
todas suas pistas, sua iscas,
em milícias mestiças

te possuíram, te ignoraram,
 te enfeitiçaram em puro desdém,

definham poréns e alternativas,
ígneos aproximados

Venenoso sarcasmo, desde seco à lentas doses diárias de companhia
de próximos exageros à prósperas exigências -  cenas de afetação

cospem fogo,
malabaristas que só,
 da ilusão.


Não, São Paulo não me cativou nesse ano. Para mim, privilégio não é estar onde “todo mundo está”, mas estar em um lugar onde se pode, num ...