Sem descanso
Alma, temeroso pássaro,
A toda hora perguntas:
Quando virá repouso, quando virá paz,
Depois de tanta luta?
Ah, eu sei: mal chegam dias sossegados,
Uma nova saudade já transforma
Cada caro dia teu em um tormento.
E, mal oculta no abrigo,
Vais procurar novos dissabores
E cheia de impaciência incendeias
O espaço como a mais nova estrela.
Nova vivência
Mais uma vez vejo descer o véu,
E o íntimo torna-se estranho,
Novos espaços estrelares chamam,
A alma inibida vaga em sonho.
Em novas órbitas, mais uma vez,
Organiza-se em torno de mim o mundo
E eu me vejo puro mago,
Como criança, nele colocado.
Mas um tênue pressentimento
Me chega de outras vidas:
Estrelas morreram, estrelas nasceram,
E o espaço nunca esteve vazio.
A alma se curva e se levanta,
Respira no infinito,
Nova e mais bela se tece,
Com rasgados fios, a veste de Deus.
Confissão
Doce luz, a teus reflexos
Entrego-me docilmente;
Outros têm metas e desejos,
A mim me basta viver.
Tudo me parece alegoria
O que sempre meus sentidos comoveu,
O infinito e o uno,
Que sempre vivo senti.
Ler nessa escrita de imagens
Faz minha vida valer a pena,
Pois sei: o Eterno, e o Ser,
Dentro de mim, residem e permanecem.
Herman
Hesse
Parabéns Loba da Estepe, belo blog, sorte tê-lo encontrado! Novamente reli Sidarta e Lobo da Estepe ano passado, valeu a pena, demais!
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