Meu autêntico e romanesco despertar
me transporta por entre nuvens de incenso e brisa do mar
por estradas oníricas que levam ao querer
somos cúmplices jardineiros da aurora etérea
regamos nossas sementes com fluidas correntes da nascente intuitiva
que forma o poço das ilusões - das urgências fictícias
do que o cosmos reitera
somos seres ainda pulsantes na atmosfera
pairando num plasma de dimensões encontradas
o mito do mundo
num minuto
pra mim
sou
a irreconhecível interposição
entre feixes de luzes
e córregos
que escorrem
seivas ontológicas
maravilhas do inconsciente arcaico
sussurram sistemas de significação
arquétipos
de sombras cintilantes
em arcos de passagem
nos espelhos do rio
a fronteira do fluir
mistificação do incongruente
quando a luz ganhar contornos mais precisos
se lembrará instantaneamente da essência
recuperada
cascatas
de água cristalina
brotando de fendas luminosas
Talvez pudéssemos fazer tal como naquela noite em que voando
baixo numa paralela dos sonhos, num horizonte longínquo como farejadores do
perfume das flores- sobrevoamos numa panorâmica nostálgica de reconstituição
visual um oco vale de ressonância ancestral entressachado por linhas cortantes,
tal como navalhas hesitantes- antes do alcance do imensurável
o amor incitou minhas inquietações e suspendeu minha
respiração até limites insuportáveis de vertigem
Quando os pássaros me transportarem em seu eterno revoar
quantas batidas de asas e do coração serão suficientes para
encontrar
um senda na escuridão?
quem merece e
compreenderia o cultivo das flores invisíveis?
são sutis e simbólicas suas florescências
são lentos seus condões
a coragem consiste em deixar escoar-se
até que a chuva interna caia e o corpo na água se dissolva
no mesmo elemento fundamental, único e universal
sedimento do barro no fundo da alma
terreno fértil