Quando ouvia aquele batuque arrítmico conseguia se
transportar para aquele refúgio imaginário e chegava a sentir todos os cheiros,
cores e lampejos da nova estação. Estava segura entremeada pelo matagal
descuidado que rodeava a casa pelos fundos.
Projeção de ambiente cultivado no requinte de tecidos rendados, cheiro de tabaco e as luzes entremeadas por piscadelas frenéticas e intermitentes.
Num quarto disposto no fundo do corredor de um hotel da década de 60, a fachada recauchutada disfarçava os ares de pardieiro.
à luz de uma estrela
ResponderExcluirum corvo
a cor do céu turvo
um corpo
tão arco-íris
de ostras ao vento
em flor a alçar vôo
entre esferas olhos de ira
dentro do céu
em cacos coisas soltas
- a lua o sol a terra -
quem dera
o corvo solitário
assombraria todo o chão
entre nuvens - ria -
do coração já escurecido
onde piso pé a pé
o corpo tísico
que é meu num dilúvio
de estrelas em arrepios
depois rimos
- eu e o corvo -
do que brilha
seja lua sol fogo
o branco o negro
o vento trêfego
pois ferrugem
no céu
soçobra mínima
de um véu
a descarnar a língua
quase fóssil
suspenso o corvo
viola sentidos a devorar
o geômetro branco do tênsil olho
e eu - a revirar-me -
em miúdos silêncios
a ver navios em fragmentos
à luz de uma estrela