sexta-feira, 4 de março de 2011

Meus quase 30 anos


Hoje não me inspiram amores nem desamores, nem tampouco me importam afetos nem desafetos, todo hábito se esgotou, toda memória se esvaiu teimosa pela cronológica linha do tempo, que liga o presente a um futuro desconexo, sem sustentação, chave para nenhum fundamento.
 É necessário o desprendimento de velhos espectros esquecidos por cantos, frestas, aqueles micro lugares onde a bactéria não é vista, nem sentida à flor da pele, mas que estão ali, incrustados, entranhados como por debaixo das unhas, nas rusgas e superfícies porosas, nos opacos que ofuscamos com o desdém.
Temo  desocupar o espaço entregue às traças, mofado, bolorento.
Apego a história inventada, concebida distorcidamente.

Somos no fundo todos uns falsos simpáticos, esgarçamos sorrisos amarelos, amenizamos, fazemos de conta, como políticos de entreveros, vivemos pelas metades, pelas conveniências- quase que definitivamente...

Se é mais vísceras quando em intensidade desmedida, a vida pulsando na vontade, no ensejo, na valentia se materializa.

Só quando salto cego no precipício se percebe, o destino final é o que menos importa, o que vale  pena é o trajeto, a adrenalina liberada na queda livre.

 Uma vez na chuva, agora é pura umidade, dedos enrugados e arco-íris.

lanço-me em águas imprevisíveis, ora mansas, ora bravas

 enxurrada lamacenta?!

barro criador,
dança cósmica destrutiva/criativa

caos revelador

Temos os sorrisos esticados pela plasticidade humana.

E dá-lhe xibata no lombo,

E dá-lhe samba no pé!


"upa neguinho na estrada, upa pra lá e pra cá"

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