Escrever sobre o tempo e a rotina
tem algo haver com desembaçar as lentes de um antropólogo antropófago
como bricolagem de retinas à campo introduzidas na interação primitiva no caos dos dias
Busquem a significação local nos infortúnios triviais, já diria
Encontre beleza nas virgens desfilando por passarelas opacas
Na feria de meretrizes desgastadas pelas solas dos pneus
No hospício junto aos encarcerados do lado de fora
Juntos as freiras em ruas tumultuadas agonizantes
Entre cafés de pseudo intelectuais em jornais diários
No apelo do homem no sótão tocando seu órgão seco
No soco do estômago dos famintos e famigerados
Nas lustrosas madames e seus cachorrinhos personalizados
Nas tocas urbanas escuras, nos ocos da madrugada
No desfiladeiro das travessas- viadutos
Na intervenção colorida nas ruas
No silêncio das senhoras casadas
No tocante à enxada do lavrador
No edifício vertical- vitral
no ritual, batuque do ritmo
nas festas de romaria
folguedos
água de flor
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