quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Desfalecendo


Sigo morosamente afundando em meu submarino selvagem
nem toda renda de relva marinha é capaz de me camuflar
corais adornam madrepérolas de lástima e pretensão
sei que a água é salgada e turvamente ondulante
numa pressão de abismo comprimido nos tímpanos
num desfalecer suave de queda livre em espiral de buraco negro
e acordar com uma crosta fina de gelo me separando da superfície
com os olhos vidrados, tentando romper a camada fosca com as unhas
sendo arrastada por florestas de cactos e espinhos dorsais 
vejo uma mulher boiando no lago no Titicaca sob a Atlântida submersa
nossa organização não simpática que invalida a franca interpretação
repelindo humores tingidos de toxidade e hesitação
por todo capricho exalado, por toda sentinela apagada em naufrágios
Reverter o que está por vir...

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