A casa que não habito por desaviso
ou procrastinação intuitiva está embargada, por motivos óbvios e irrefutáveis que se baseiam em impulsos
regidos seja por auto-piedade, que se firma como um castelo de cartas marcadas
incrivelmente resistentes ao vento delirante de ensurdecer, seja por
auto-sabotagem, contra uma metodologia de esclarecimento ilimitado que implica em
comprometimento efetivo.
Sei que ela
se desfigura conforme a distância que atinjo dela, ficando progressivamente
opaca e nebulosa na medida em que ganha as alturas e eu permaneço arraigado. Ou o contrário, a casa permanece sempre arraigada e sou eu quem inflo ligeiro para além da estratosfera terrestre preso por um cordão prateado.
Na primeira imagem, tal como na casa da fábula do feijões mágicos, ela cresce em espiral veloz, se expandindo feito ar rarefeito por entre as nuvens. E a partir do momento que me desligo, consequentemente a enfraqueço, uma vez que existe uma considerável diminuição da vibração de pensamentos, ela se deteriora lentamente como matéria orgânica em decomposição, acabando por escorrer por suas raízes aéreas abaixo, fluindo como uma espécie de chorume ou petróleo fossilizado viscoso de eras sobrepostas e decantadas com o auxílio de palavras cristalizadas e subentendidas, que passam a ser absorvidas pelos poros e sendas aquecidas da terra-organismo, como circulação vibrante e nervosa de veias preenchidas de líquido seminal, impulsionados pelos transes provenientes de terremotos primitivos tal como batidas fortes do coração.
Na primeira imagem, tal como na casa da fábula do feijões mágicos, ela cresce em espiral veloz, se expandindo feito ar rarefeito por entre as nuvens. E a partir do momento que me desligo, consequentemente a enfraqueço, uma vez que existe uma considerável diminuição da vibração de pensamentos, ela se deteriora lentamente como matéria orgânica em decomposição, acabando por escorrer por suas raízes aéreas abaixo, fluindo como uma espécie de chorume ou petróleo fossilizado viscoso de eras sobrepostas e decantadas com o auxílio de palavras cristalizadas e subentendidas, que passam a ser absorvidas pelos poros e sendas aquecidas da terra-organismo, como circulação vibrante e nervosa de veias preenchidas de líquido seminal, impulsionados pelos transes provenientes de terremotos primitivos tal como batidas fortes do coração.
No astuto
giro de consciência, as evidências que se dedilham atinam para a necessidade
de se exercitar o desapego contínuo de explicações usuais como uma urgência. Há
de se averiguar que nada se sustenta e nem existe sem um forte apelo instintivo que se manifesta num reconhecimento cognitivo. Afinidades não se esboçam em vão.
É necessário portanto, abstrair das mensagens oníricas direcionamentos reais, mesmo que por receio ou por simples apatia as boicote. No entanto, deve -se simultaneamente buscar a vigília constante quanto à freqüência das repetições e dos exercícios processados, pois não se deve tomar como hábito recorrer a esse estado arbitrariamente, nem tampouco visitar a casa tantas vezes quanto queria ...
É necessário portanto, abstrair das mensagens oníricas direcionamentos reais, mesmo que por receio ou por simples apatia as boicote. No entanto, deve -se simultaneamente buscar a vigília constante quanto à freqüência das repetições e dos exercícios processados, pois não se deve tomar como hábito recorrer a esse estado arbitrariamente, nem tampouco visitar a casa tantas vezes quanto queria ...
Seja em
sonhos e projeções, ou em viagens astrais ou ainda na na
confluência desses planos, sigo plainando pois plainando se vai ao longe - no
horizonte, e se evita uma gama de irrelevâncias passageiras e apegos
desnecessários. Amor sublime do desapego e enfrentamento da individualidade. E quando a sensibilidade ultrapassar a percepção direta ou o
entendimento racional, não se assuste ou esquive, sobretudo não teime, pois uma vez aceitando essa dádiva de bom grado inevitavelmente se cresce em contagem de um tempo irremissível.
Sei que esta
casa fica numa praia erma de areia brilhante em função da profusão de
microorganismos inteligentes e interativos que refletem a luz solar, nela o mar
invadiu os porões da estância e a poucos metros de alcance é profundo como um
despenhadeiro, tão fácil acesso, que logo a dois passos adentro é garganta abissal,
permitindo que as baleias, as sereias e outros seres aquáticos encantados
cheguem tão próximos como num tanque de espetáculo. Algas marinhas bóiam e é
possível coletá-las com uma peneira de se usar para limpar piscina.
Sei que esta
casa tem cheiro de lugar-comum, como se todas as casas do mundo nela estivessem
contidas numa intersecção sem fim nem começo, mas do avesso – em essências de flavor
principles universais que se destacam mediante diversos tons:
dos ácidos
cítricos cicatrizantes, da arnica com água da bica, dos malhados lençóis
freáticos, dos frescos vegetais em avejão, do capim de orvalho depois de um
show de rock´n´roll , dos lírios delirantes de igarapé, do amendoado doce de
madeira nobre, do vinho tinto de tintura mãe, do chocolate quente,
da palha queimada no curral, da fumaça do carvão mineral, das fábricas
poluentes, das cinzas em brasa debaixo das bananeiras e seus corações selvagens, do assado em casa fértil de envolvimento, do
perfume das imódicas extravagâncias, do tabaco pesado de ambiente nuvioso, do
sândalo de sortilégios, da sopa de sopé de pedra, do pó de arroz de atrizes
decadentes, da mirra, da inocência perdida, do lúgubre cravo, das minas da
fazenda, da manga fermentando em sombra úmida e derradeira, das covas e
ossadas desabrigadas, do fogão à lenha, das feridas abertas e purulentas, das formigas insones e atômicas, dos
terrenos baldios e dos prédios invadidos, da carniça podre, do enxofre e gás
carbônico, das tocas nefastas de tatu, das ilhas desertas, das entranhas
nostálgicas e sinestésicas, dos abismos mais coloridos, dos alentos mais
presumíveis, do eucalipto dos sanitários desinfetados, das coisas velhas
colecionadas, dos quartinhos de fundos, da terra molhada remexida, do éter e
benzina, das traças envernizadas, do mofo faminto, da salsinha na soleira, das
sementes maceradas do girassol da aurora, dos mausoléus povoados por sombras de
apego à materialidade da poeira dos relicários...
É possível
encontrá-la em qualquer dessas ruas inabitadas de cidades fantasmas, basta
dobrar a esquina ou seguir o uivo latente adiante no cruzamento das almas,
sempre haverá um cachorro e uma coruja a sua espera. Comunique-se com eles, são
mensageiros e te guiarão, siga-os numa rua interminável cuja escada no fim de
um arco-íris nevoento serve para ajudar na ladeira. Antes da subida há um bar
abandonado, o esqueleto de seu antigo dono continua estirado sobre o balcão, a
carne já foi fagocitada. Portanto não se assuste, ele não irá se mexer, entre,
pois lá ainda existem as garrafas de elixir. São agora saqueadas por
todos que por ali passam, vá em frente não se reprima, pois sem uma bela dose
daquele conhaque de mel certamente o frio na espinha desencadeado na
estrada íngreme pode sucumbi-lo. Tome nota acerca das circunstâncias,
elas nunca podem se esboçar sem que você as prescrute por antecipação.
Você irá encontrar um corrimão especado por serpentes rasteiras e ervas
daninha. Portanto um conselho se faz pertinente:
_Aprenda a encantá-las ou equilibre-se por si mesmo!
Será preciso também advertir ao corajoso desassisado da existência de
tentadores atalhos, eu mesmo sei da existência de elevadores que se abrem para
prédios paralelos, cujos jogos de espelhos e ambientação são capazes de
perturbar o mais simplório dos cristãos.
Nesses
momentos lembre-se que somente você é responsável por administrar seu tempo,
vai do seu tato e seu sexto sentido, pois a mensuração das possibilidades cabe
somente a você. Continue e verá, onde tudo isso vai parar...talvez numa saída
alienada ou numa seqüência que se desencadeia aleatoriamente, conduzindo por
soluções infames em caminhos dispersos.
Soube
que nesse prédio à esquerda existem apartamentos também habitados, como quartos
de um hotel invisível e seus elevadores enferrujados. Trata-se de uma
hospedaria de mesa aberta para as mais distintas entidades. Digo por experiência própria, porque eu mesma já passei por lá, certa vez entrei alguns
metros em alguns desses apartamentos desavisada e quase enlouqueci.
Noutro apartamento que quase habitei o véu da angústia esvoaçava e perseguia com a sombra da infâmia toda
flexibilidade de contentamento. Como um algoz entrevado que clama por piedade
no leito de morte. E chama, e sussurra seu nome. Preso no alçapão não distinguia som, nem claridade e seguia a sorte sem hesitar, como um verme rastejando, foi o que me salvou naquele momento. Pois não sabia detectar
a fonte, tampouco procurava alguma saída que não fosse convulsiva.
Nessa
casa de sólida construção?
Seus
ladrilhos foram contados e recontados, em suas frestas de infortúnios lamúrias foram desprezadas
com desgosto e amparo.
Em suas tábuas
soltas por onde se espia o sótão, a ranhura incomoda.
Insônia.
A casa
é dúbia e tem tudo aquilo que reprimo e aceito, o que quero e protelo.
É um
casa de acolhida então?
Definitivamente
não, nessa casa todas as adjacências foram expulsas e só que interessa é você dispensado
de todas as máscaras e com o tino de acionar todas as sensações elencadas na memória.
Casa
de desespero e impulso de exortação.
Casa
nas costas,
Casa errante
Viajante
com síndrome de animalidade
NOMADISMO
Estradas
de percorrer à gás carbônico inalado no traquejo da boleia.
Casa de
carapaça e sua aparência bestial, olhos vidrados de desidratação e fome sádica,
perdidos como cães pedintes de rodoviárias, seus dentes alinhados numa
contração de mandíbulas torpes e canibais em seus rituais de magia negra
invalidados pelas forças que regem a natureza pelas margens da língua áspera da
fera mor, líquen de vidas anaeróbicas e as verrugas de olhos de tartaruga,
sinalizações simétricas ligando eixos velozes de abastecimento- Just in time!
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