Meu sol interior gira reminiscências e querências tantas
me consome o espírito e a presença
sorve minha seiva brutal como quem tira a vital centelha
dos lumes essenciais
Obscura sombra me toma
e me oculta a visão
desfaleço em transe
de hipnótica perseguição
percebo a relutância
do peixe fora d’água
da falta de confiança
da vida secularizada
destituída de encanto
meu amor cultivava sombras,
não sei ao certo se
por capricho ou hesitação
seus espelhos distorciam imagens e o próprio tempo
transcendendo o espaço
meu cavalo branco alado
alcança alturas celestiais na noite escura
estrelas cadentes ascendem seu caminho
Sei que elas o inebriam e ganhavam velocidade conforme
padrões de pensamentos arraigados que de tanto acionados despertavam humores
imprecisos e oscilantes
no cosmos integrado
todo nome sussurrado encontra seu ouvido
faíscas de receio
aqueles últimos escritos precisavam ser refutados?
era necessário que soubesse o quanto tocou
para muito além do arrependimento
ainda que os corpos careçam da
plausível e plástica realidade
da confirmação desnecessária
o organismo falece de confortos sensíveis
como a chuva forte caindo para acalmar
despertando o cheiro de erva fresca
macerada ao barro de fractais pressões d’água
gotas de mundo fragmentos de você
Insubstanciais segundos
despencando de uma atmosfera imprecisa
E era preciso desprender-se de si
como quem faz a muda, trocando toda a pele já impregnada por tantas dores e histórias
de tantas esferas marcadas que compreendem e interpenetradas atuam desenfreadas
quando em ambientes que as ignoram, e por vezes essas vozes que acompanham soam como
humores falidos de intuição depreciativa. É necessário abafar certas vozes e se
colocar num movimento de contorno e conquista de novos ares.
Se colocar numa vibração de elevação como desafio contínuo e
inquestionável, não se deixar levar pelas asas negras de uma imaginação
denegrida. Fortalecer no pensamento lúcido de permanência.
O caráter heurístico de suas investidas não disfarçava o
fardo sutil acoplado em seu dorso por descuido.
Tenho na pele tatuado um eclipse
porque só o sol não me basta
porque só a lua me é como a noite rasa
falta ilusionismo de estrelas passageiras
no cadente ritmo dos vórtices de luz e quando sopra o vento
no voo de sementes aladas fecundando a estação do tempo
inerente
me sinto pertencente a este misterioso movimento dos astros
magnéticos
no melancólico enternecer dos registros imagéticos, na
confusão das vozes dissonantes
confirmo a força do meu pensamento na confluência de forças
afins
quando flores de castidade forem mais polêmicas que as da
promiscuidade
confessaríamos os segredos mágicos de quem pretende a
expansão
Descobri singelas verdades sobre
o comportamento ordinário das sombras, como elas se portam e quais seus
passatempos prediletos. Sei que tem a ver com nossos hábitos e a abertura para
pensamentos perigosos. Atesto o poder de penetração em âmbitos de difícil
acesso, transposição de paredes como um fantasma vivo.
E era preciso estar atenta, com o
coração ressonante para captar a efemeridade de letras tão fortes e
significantes. Rasuras impressas em folhas de papel e espalhadas por toda a
casa. Ventania dentro d’alma, revirando tantas letras desastradas, espalhando
os estilhaços de sol, percorrendo os cômodos e devastando os vestígios de mim. Decifrando
e recolhendo os indícios de nós.
Lírios de espelhos
na imprecisão dos contornos da noite
luz branca permeando as pálpebras
Até quando lerei apaixonada
escritos que disparam o coração
Colecionava flores secas dentro
de páginas de livros, os mortos às ofertavam embaraçados por fazer a corte a
uma donzela telepática.
Quantas feridas ardem como
labaredas cujas chamas ascenderam tornando-se anjos sombrios
sol à pino, na cumeeira das grandes ideias,
quem poderia captar tal magia, quem se importa?
no reconhecimento antecipado,
quando o aperto no peito traz a sensação de incompletude
quando a realidade abrange outras
dimensões
estou o tempo todo aqui
em busca de um conto de fadas
Ninguém está pronto e todos
crescemos com a dor, mas a transposição dos desejos mundanos é a base para
alcançar os degraus do celeste
Ao som que vibra e alcança
destino a corda tensionada ou
bamba em movimento
razão e contra senso
que desflora numa intenção disforme
solta como vento
naqueles tempos os signos falavam de conexões astrais
confusas amarrações
estrelares
auto-declaradas disfunções
influxos ao som que reverbera
meu pulso
minha letra
meu recurso
dos processos subsequentes e falíveis – passivamente
protelados, como quem mastiga a própria língua, como quem engana a própria sorte,
como quem desmerece a poesia, como quem comete a heresia da escolha, como quem
finge não ser sendo inevitável. Vicissitudes do incontestável rumor ancestral,
que trouxe imagens e símbolos de um outro recorte de plano astral desde
momentos remotos situados em confins- portinholas da memória.
Tenho a paciência e a compaixão do oceano-pretensão de
espera/ pretensão de esferas complementares/ de cumplicidade
Sua espera a envolve num casulo caótico de reverência
postular e entrega a fatalidade.
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