Não é a justiça quem segura a balança precisa,
és tu, ó Deus de vontade indivisa,
que pesas nossos erros,
e de dois corações que martiriza e tritura
faz um coração de maior envergadura
que tem ainda o desejo
de crescer...Tu, que indiferente e soberbo
humilhas a boca e exaltas o verbo
para um céu néscio...
Tu que mutilas os seres ao juntá-los
À última ausência de que são pedaços.
Rilke, JARDINS, p. 59
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Façamos o múltiplo encontro
o que cabe em cada caso,
a fim de que a ordem se mostre
entre os motivos do acaso.
Tudo em volta quer que se o escute-,
escutemos até o fim;
pois o pomar e a estrada
somos sempre nós enfim!
Rilke, p. 63
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É a paisagem demorando, é um sino,
É do crepúsculo a parturição tão pura-;
Mas tudo isso em nós prepara o destino
De uma nova, uma cândida figura...
Assim vivemos nós um embaraço estranho
entre o arco e a flecha:
entre o mundo muito vago para alcançar o anjo
e Aquela que, de tanta presença, nô-lo fecha.
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