A noite empalidece.
Alvorecer...
Ouve-se mais o
gargalhar da fonte...
Sobre a cidade muda, o
horizonte
É uma orquídea
estranha a florescer.
Há andorinhas prontas
a dizer
A missa d'alva, mal o
sol desponte.
Gritos de galos soam
monte em monte
Numa intensa alegria
de viver.
Passos ao longe... um
vulto que se esvai...
Em cada sombra
Colombina trai...
Anda o silêncio em
volta a q'rer falar...
E o luar que desmaia,
macerado,
Lembra, pálido, tonto,
esfarrapado,
Um Pierrot, todo branco, a soluçar...
Florbela Espanca
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