Era baile na singela cidade, as moças se apresentavam à risca, sem mais tecituras nem menos, sem menor pudor de menos, pois tinham de ser tiradas para bailar, e esse era o rítmo, era esse o movimento, a roda de cartas, de nada adiantava titubear; deviam se apresentar interessantes, ter presença de espírito, 2kg a menos na silhueta, grilo e peitos sacodidos.
Salomé não passou despercebida,
Salomé sabia de onde vinha,
trajava sandália de fita e vestido de chita,
Salomé colecionava orelhas,
carregava seu destino à pino
Salomé escondia navalha na virilha,
vendeu sua alma na estribaria clandestina
Salomé era pura provocação, cavalo indomado que dá coice e te castra na foice
Pimentinha na brasa
Ventania nos pés
malemolência morosa
Gole à gole: “Cuba libre”= coca-cola + rum
Passo à passo: “São dois pra lá, dois para cá”
Salomé que sempre achou que sabia o que fazer,
no baile daquela noite girou tanto que recendeu forte cheiro de naftalina
nada saiu do lugar
nostalgia aos moldes da brilhantina.
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