sábado, 17 de julho de 2010

Notas sobre uma incursão ao centro do Brasil




Serra da Bucâina

Taquaral

Amanhece

Araguari

Minas Gerais

Brasil

Escrevo diretamente dessas coordenadas geográficas acima citadas.

À frente um horizonte longínquo estica o olhar para dentro e para fora.

O amarelo-havana entoa o outono de outrora e invade de inverno a estação de agora.


Varandas da alma,

Vacilante variação

Ou ainda, somente variando na varanda,

Começo a escrever esses versos sem nexo para além da rima....

Procuro tomar nota dessa incursão inconvencional a domínios confrontadores da experiência.

Oportunidade de contemplação e interiorização da natureza em mim, da organicidade dos mecanismos vitais, dos domínios do inconsciente holístico permeável, do cosmos e da branda plenitude do indecifrável.

Medito aqui todas as manhãs. Fico imóvel tentando aquietar a mente e por alguns instantes, me sinto distante, como que pendente por um cordão de prata ligado ao cordão umbilical-projeção astral.

Encontro-me numa imensidão sem fim...onde a via láctea é a matriarca e as constelações são minhas amas de leite.

Leite que jorra à rodo, fruto do gozo da Pacha Mama despertado pela dança cósmica de Shiva.

Fertilidade falida denota mal augúrios para uma sociedade faminta e esgotada.

Sistematicamente mecanizada, a humanidade reproduz o vazio banal da futilidade utilitária. Se perde no complexo de urdiduras imediatas. Cria novas necessidades, deturpa as já existentes.

Então eu clamo:

Celebremos o ócio criativo!
Celebremos a vida esboçada na simplicidade do trivial, na sutileza dos encantos da natureza em seu ritmo-ciclo.

Procuro respirar um pouco de ar puro proveniente das montanhas. E em Minas têm montanhas, _ ah, como tem! Mas tem também planície e planalto.


Dessa vez sai um pouco da minha paisagem habitual, agora vejo vales e montanhas, pastos e antepastos do espírito para além da subjetividade mundana.


Almas penadas errantes a ermo na noite enluarada, que agora circundam a casa, iluminada pela intrépida luz amarela da madrugada.

Desfiguradas risadas desvairadas de três primas em identificação ancestral.

Lisérgico catalisador de emoções intrínsecas, conversas fundamentais nos põe no nosso exato lugar, nos remetem à infância, confrontam nossos valores com nossa conduta, não passam de mitos calabreses dispersos por gerações à fio.

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