sábado, 6 de agosto de 2016

poesia.


Deixa-te estar embalado no mar noturno
onde se apaga e acende a salvação…

Deixa-te estar na exaltação dos sonhos sem forma:
com ela caminha o horizonte dos meus braços abertos,
e por cima do céu estão meus olhos pregados, guardando-te.

Deixa-te balançar entre a vida e a morte, sem nenhuma saudade:
deslizam os astros na abundância do tempo que cai:
nós somos pequenos como um ponto de pólen rodando entre os mundos.

Deixa-te estar neste embalo de água gerando círculos…
Nem é preciso dormir para a imaginação desmanchar-se em figuras
ambíguas…
Nem é preciso fazer nada para se estar na alma de tudo…
Nem é preciso querer mais, - que vem de nós um beijo eterno
e afoga a boca da vontade e os seus pedidos…

Cecília Meireles




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