segunda-feira, 30 de janeiro de 2012


Ouço Bossa, Punk, Jazz,
Blues e sempre Elis,
continuo lendo
Clarice pra tentar
entender o que eu fiz. 
Nessa torta linha
ando me equilibrando,
sorrindo.
Quem sabe o que
ainda vou encontrar
no caminho?
Sou o que deu pra fazer,
muita coisa é mesmo
impossível de se entender...


http://ab-solutamente.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Comunicação expandida


Suspendo o arfar
                                  descompasso
                                                                no segundo imponderável

Meus pensamentos selvagens te exortando à febre
de excitados humores,
 repelem
ainda que por osmose espontânea
batida discreta de retirada

Hormonios de estanho
angústia espremida no timo
com sumo de seiva invertida

solução de expansão


extrapolando a percepção
percorrendo seu dorso até culminar num arrepio instintivo 
abordando seus tímpanos como num sopro lascivo
canto da sereia
seu sussurro de queda livre,
e vaporidades cintilantes


Você supondo insanidade tapou os ouvidos para a arenga de dentro
percebendo distintos e contraídos músculos se manifestarem autônomos
numa espécie de trêmula inquietação
sua boca balbuciando déficits de atenção
sua mente deslocando feixes de intenção
que pacientemente se ancoram em pretensas evidencias
iluminadas por recíproca animosidade

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

lugares oníricos comuns



Na intersecção entre o abismo e o firmamento
fendas brilhantes consagram uma sensação de alento
sustentando a sangria dos ânimos exaltados
por ativações anímicas e adormecimento receptivo
numa latente letargia de livres variações

Desfalecendo


Sigo morosamente afundando em meu submarino selvagem
nem toda renda de relva marinha é capaz de me camuflar
corais adornam madrepérolas de lástima e pretensão
sei que a água é salgada e turvamente ondulante
numa pressão de abismo comprimido nos tímpanos
num desfalecer suave de queda livre em espiral de buraco negro
e acordar com uma crosta fina de gelo me separando da superfície
com os olhos vidrados, tentando romper a camada fosca com as unhas
sendo arrastada por florestas de cactos e espinhos dorsais 
vejo uma mulher boiando no lago no Titicaca sob a Atlântida submersa
nossa organização não simpática que invalida a franca interpretação
repelindo humores tingidos de toxidade e hesitação
por todo capricho exalado, por toda sentinela apagada em naufrágios
Reverter o que está por vir...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


{Tudo isso fará sentido quando se juntarem os fragmentos?
Não vale a pena tentar dar nome ao caos, nem sequer forjar uma metodologia infalível
Na era da velocidade estilhaçada o pensamento se esboça em seguimentos. }

Quanto às visagens, não se preocupe, pois para além do legitimado, atestamos que alguém acostumado a se permitir deslocar em remotas viagens, para refúgios tão distantes com o auxílio da imaginação certamente saberá retornar, ainda que nunca tenha lido um livro de auto-ajuda, frequentado qualquer culto, seita ou sequer assistido as reuniões do arrebatamento. Com a força do seu pensamento você conseguirá se ancorar sob o vendaval. Pense forte! Na sutil interpretação de uma abstração refinada, atenta aos caprichos e enganos aos quais se pode vir a cometer.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A casa que não habito...



A casa que não habito por desaviso ou procrastinação intuitiva está embargada, por motivos óbvios e  irrefutáveis que se baseiam em impulsos regidos seja por auto-piedade, que se firma como um castelo de cartas marcadas incrivelmente resistentes ao vento delirante de ensurdecer, seja por auto-sabotagem, contra uma metodologia de esclarecimento ilimitado que implica em comprometimento efetivo.


Sei que ela se desfigura conforme a distância que atinjo dela, ficando progressivamente opaca e nebulosa na medida em que ganha as alturas e eu permaneço arraigado. Ou o contrário, a casa permanece sempre arraigada e sou eu quem inflo ligeiro para além da estratosfera terrestre preso por um cordão prateado. 


Na primeira imagem, tal como na casa da fábula do feijões mágicos, ela cresce em espiral veloz, se expandindo feito ar rarefeito por entre as nuvens. E a partir do momento que  me desligo, consequentemente a enfraqueço, uma vez que existe uma considerável diminuição da vibração de pensamentos, ela se deteriora lentamente como matéria orgânica em decomposição, acabando por escorrer por suas raízes aéreas abaixo, fluindo como uma espécie de chorume ou petróleo fossilizado viscoso de eras sobrepostas e decantadas com o auxílio de palavras cristalizadas e subentendidas, que passam a ser absorvidas pelos poros e sendas aquecidas da terra-organismo, como circulação vibrante e nervosa de veias preenchidas de líquido seminal, impulsionados pelos transes provenientes de terremotos primitivos tal como batidas fortes do coração.
No astuto giro de consciência, as evidências que se dedilham atinam para a necessidade de se exercitar o desapego contínuo de explicações usuais como uma urgência.  Há de se averiguar que nada se sustenta e nem existe sem um forte apelo instintivo que se manifesta num reconhecimento cognitivo. Afinidades não se esboçam em vão.


É necessário portanto, abstrair das mensagens oníricas direcionamentos reais, mesmo que por receio ou por simples apatia as boicote. No entanto, deve -se simultaneamente buscar a vigília constante quanto à freqüência das repetições e dos exercícios processados, pois não se deve tomar como  hábito recorrer a esse  estado arbitrariamente, nem  tampouco visitar a casa tantas vezes quanto queria ...
Seja em sonhos e projeções, ou em viagens astrais ou ainda na na confluência desses planos, sigo plainando pois plainando se vai ao longe - no horizonte, e se evita uma gama de irrelevâncias passageiras e apegos desnecessários. Amor sublime do desapego e enfrentamento da individualidade. E quando a sensibilidade ultrapassar a percepção direta ou o entendimento racional, não se assuste ou esquive, sobretudo não teime, pois uma vez aceitando essa dádiva de bom grado inevitavelmente se cresce em contagem de um tempo irremissível.
Sei que esta casa fica numa praia erma de areia brilhante em função da profusão de microorganismos inteligentes e interativos que refletem a luz solar, nela o mar invadiu os porões da estância e a poucos metros de alcance é profundo como um despenhadeiro, tão fácil acesso, que logo a dois passos adentro é garganta abissal, permitindo que as baleias, as sereias e outros seres aquáticos encantados cheguem tão próximos como num tanque de espetáculo. Algas marinhas bóiam e é possível coletá-las com uma peneira de se usar para limpar piscina.
Sei que esta casa tem cheiro de lugar-comum, como se todas as casas do mundo nela estivessem contidas numa intersecção sem fim nem começo, mas do avesso – em essências de flavor principles universais que se destacam mediante diversos tons:
dos ácidos cítricos cicatrizantes, da arnica com água da bica, dos malhados lençóis freáticos, dos frescos vegetais em avejão, do capim de orvalho depois de um show de rock´n´roll , dos lírios delirantes de igarapé, do amendoado doce de madeira nobre, do vinho tinto de tintura mãe, do chocolate quente, da palha queimada no curral, da fumaça do carvão mineral, das fábricas poluentes, das cinzas em brasa debaixo das bananeiras e seus corações selvagens, do assado em casa fértil de envolvimento, do perfume das imódicas extravagâncias, do tabaco pesado de ambiente nuvioso, do sândalo de sortilégios, da sopa de sopé de pedra, do pó de arroz de atrizes decadentes, da mirra, da inocência perdida, do lúgubre cravo, das minas da fazenda, da manga fermentando em sombra úmida e derradeira, das covas e ossadas desabrigadas, do fogão à lenha, das feridas abertas e purulentas, das formigas insones e atômicas, dos terrenos baldios e dos prédios invadidos, da carniça podre, do enxofre e gás carbônico, das tocas nefastas de tatu, das ilhas desertas, das entranhas nostálgicas e sinestésicas, dos abismos mais coloridos, dos alentos mais presumíveis, do eucalipto dos sanitários desinfetados, das coisas velhas colecionadas, dos quartinhos de fundos, da terra molhada remexida, do éter e benzina, das traças envernizadas, do mofo faminto, da salsinha na soleira, das sementes maceradas do girassol da aurora, dos mausoléus povoados por sombras de apego à materialidade da poeira dos relicários...

É possível encontrá-la em qualquer dessas ruas inabitadas de cidades fantasmas, basta dobrar a esquina ou seguir o uivo latente adiante no cruzamento das almas, sempre haverá um cachorro e uma coruja a sua espera. Comunique-se com eles, são mensageiros e te guiarão, siga-os numa rua interminável cuja escada no fim de um arco-íris nevoento serve para ajudar na ladeira. Antes da subida há um bar abandonado, o esqueleto de seu antigo dono continua estirado sobre o balcão, a carne já foi fagocitada. Portanto não se assuste, ele não irá se mexer, entre, pois lá ainda existem as garrafas de elixir.  São agora saqueadas por todos que por ali passam, vá em frente não se reprima, pois sem uma bela dose daquele conhaque de mel  certamente o frio na espinha desencadeado na estrada íngreme pode sucumbi-lo. Tome nota acerca das circunstâncias, elas nunca podem se esboçar sem que você as prescrute por antecipação. Você irá encontrar um corrimão especado por serpentes rasteiras e ervas daninha. Portanto um conselho se faz pertinente:



_Aprenda a encantá-las ou equilibre-se por si mesmo!



Será preciso também advertir ao corajoso desassisado da existência de tentadores atalhos, eu mesmo sei da existência de elevadores que se abrem para prédios paralelos, cujos jogos de espelhos e ambientação são capazes de perturbar o mais simplório dos cristãos.
Nesses momentos lembre-se que somente você é responsável por administrar seu tempo, vai do seu tato e seu sexto sentido, pois a mensuração das possibilidades cabe somente a você. Continue e verá, onde tudo isso vai parar...talvez numa saída alienada ou numa seqüência que se desencadeia aleatoriamente, conduzindo por soluções infames em caminhos dispersos.

Soube que nesse prédio à esquerda existem apartamentos também habitados, como quartos de um hotel invisível e seus elevadores enferrujados. Trata-se de uma hospedaria de mesa aberta para as mais distintas entidades. Digo por experiência própria, porque eu mesma já passei por lá, certa vez entrei alguns metros em alguns desses apartamentos desavisada e quase enlouqueci.


Noutro apartamento que quase habitei o véu da angústia esvoaçava e perseguia com a sombra da infâmia toda flexibilidade de contentamento. Como um algoz entrevado que clama por piedade no leito de morte. E chama, e  sussurra seu nome. Preso no alçapão não distinguia som, nem claridade e seguia a sorte sem hesitar, como um verme rastejando, foi o que me salvou naquele momento. Pois não sabia detectar a fonte, tampouco procurava alguma saída que não fosse convulsiva.

Nessa casa de sólida construção?
Seus ladrilhos foram contados e recontados, em suas frestas de infortúnios lamúrias foram desprezadas com desgosto e amparo.
Em suas tábuas soltas por onde se espia o sótão, a ranhura incomoda.

Insônia.

A casa é dúbia e tem tudo aquilo que reprimo e aceito, o que quero e protelo.
É um casa de acolhida então?
Definitivamente não, nessa casa todas as adjacências foram expulsas e só que interessa é você dispensado de todas as máscaras e com o tino de acionar todas as sensações  elencadas na memória.
Casa de desespero e impulso de exortação.
Casa nas costas,
Casa errante
Viajante com síndrome de animalidade
NOMADISMO
Estradas de percorrer à gás carbônico inalado no traquejo da boleia.

Casa de carapaça e sua aparência bestial, olhos vidrados de desidratação e fome sádica, perdidos como cães pedintes de rodoviárias, seus dentes alinhados numa contração de mandíbulas torpes e canibais em seus rituais de magia negra invalidados pelas forças que regem a natureza pelas margens da língua áspera da fera mor, líquen de vidas anaeróbicas e as verrugas de olhos de tartaruga, sinalizações simétricas ligando eixos velozes de abastecimento- Just in time!

09/01/12

Numa noite qualquer de janeiro, a chuva caia delicada e constante enquanto a solidão confundia e se tornava artifício para uma sintonização dos sentidos. Quando em silêncio profundo e imensurável concentração, um som pouco a pouco se fez perceptível aos ouvidos, tal como um barulho hipnótico capaz de fazer qualquer desavisado ou descrente cair em sono profundo num simples piscar de olhos. Ainda que vigilante não sei se suporta, porém tampouco recai e segue firme no propósito de tentar descrever o que se passa. Por instantes o ruído se silencia, depois volta com muita veemência, como se muita turbulência e movimentação se manifestasse em redemoinho numa simplória casa semi-habitada, por um corpo que escreve e é instrumento letárgico de um lapso sintomático de variações anímicas.
Sempre ao infinito:
ojo

Tosses, suspiros e sussurros



Respiração que tende a dormente centelha imagética
balão incandescente correndo as pastagens
às paragens absortas de desfiladeiro de fenda abissal
flor de cerrado e inspiração
.............................................
auto-conhecimento e altruísmo- qual a relação?
como definitivamente empregar as horas?
como não me consumir?
*Lucas Laender, 2000. Na parede do meu antigo quarto na casa dos meus pais.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

aleitamento de via láctea


Lágrimas de reconhecimento e a contínua aposta na metáfora
ou enquanto toda sutileza despertar aleitamento de Via Láctea
embalada em movimentos ondulares de oito - deitado
e enquanto olhos hipnóticos te fixarem
como buracos negros de
 infinito – ilimitado
resguarde a luz brilhante
da rosa de fogo no topo da cabeça
que se ascende em oração e cânticos ancestrais
pois suas raízes te conectam e te conduzem
voe rápido pelos pastos livres
em sentido de trepidação de cavalgada
e quando os ventos do norte soprarem
poesia e sorte
anzóis cairão dos céus
e roldanas te içarão !

Não, São Paulo não me cativou nesse ano. Para mim, privilégio não é estar onde “todo mundo está”, mas estar em um lugar onde se pode, num ...