sábado, 30 de abril de 2011

Vênus de Milo e os Anéis de Saturno



I
Somos signos soltos e saqueados
Anéis de Saturno e Vênus de Milo
percorrendo trajetos efêmeros e circunstanciais ao acaso

em nossa torta órbita não habitamos
nossas translações desconexas
que são como satélites com sua luz própria
incandescentes


II
 criaturas enternecidas pela apatia
arraigadas em nexos prolixos agonizantes
percorrendo trajetos efêmeros e circunstanciais ao acaso


 III
como um cão pedinte
amparava torniquetes
sibila de silvo surgia
zuuummmmmm, zunia
algum “start”
um despertar quaquer
acontecia.


(escandescente é o deleite
de ler-te.)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ambrosia

"Flaming June" - Lord Leighton (1830-1896)


Ambrosia
céu destilado
saudade crisântemo
imaginação fraudada

ondas de calor
roseira de espeta paus
bromélias suspensas

caninos sorrisos
sol ardente em vermelho poente
nas escadarias e no musgo verde

alvejante quintal
couves e camélias
cantos entre estantes

contos de fantasmas e outras estórias
impressões, deflagradas memórias
ruídos, chaves na penteadeira
vendaval com as folhas de outono
rodopiando e ouvindo canto lírico
ópera-  fígaro

não estancam
se repelem
quando na nuca
quebra-se a lenda
e se redime.

II


Quando ouvia aquele batuque arrítmico conseguia se transportar para aquele refúgio imaginário e chegava a sentir todos os cheiros, cores e lampejos da nova estação. Estava segura entremeada pelo matagal descuidado que rodeava a casa pelos fundos.

Projeção de ambiente cultivado no requinte de tecidos rendados, cheiro de tabaco e as luzes entremeadas por piscadelas frenéticas e intermitentes.

Num quarto disposto no fundo do corredor de um hotel da década de 60, a fachada recauchutada disfarçava os ares de pardieiro.


Velocidade à galopes intergalácticos / morosidade maré mansa



É preciso haver o choque para que haja o contato? Sem o fato, só ato falho.



Peixes abissais estão acostumados à penumbra,
não se desvencilham nunca
da perspectiva turva.



Mas enxergam deturpadamente seus reflexos enternecidos por alegorias ilustradas.



Padedê de retinas descoladas à margem do que possa acontecer.



Amplidão pueril em tardes ermas.




Vigorosamente coloridas por suas lombrigas em desvario.








"Agir, eis a inteligência verdadeira.
Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for.
O êxito está em ter êxito e não em ter condições de êxito.
Condições de palácio tem qualquer terra larga,
mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?"

Fernando Pessoa

quarta-feira, 20 de abril de 2011

I

O lampejo se passava num ambiente inebriante, ou era um sonho de relance?
 Difícil distinguir idas, vindas e tropeços, a cada espasmo titubeio.

Havia um elevador elegante, todo trabalhado no aveludado vermelho carmim, um cabaré, um hotel, ou um botequim?

Por fora a fachada verde bandeira com letras garrafais estampadas, gritava: “Náutico Clube da Ribeira”, e as pessoas quase que saltando pelas sacadas se espremiam para ver...

Uma multidão catártica envolvida num só balanço desconhecido, um embalo nocivo, quase encantamento.

Ritmo contido e coeso, em risco em círculos, rodopia.

No depósito, junto aos alimentos e bebidas, restos de materiais de construção, entre latas de tinta e sacos de feijão...

se esvaia.

Tenho passado horas a fio,
por fios suspensos

minhas capilaridades em micro-tensionamentos
me permitem afrouxar e/ou desafrouxar as amarras
tecidas por rústicos teares rangentes
conforme o tônus da motivação aparente

terça-feira, 19 de abril de 2011

acima dos trópicos

Peguei-me de relance pensando sobre dimensões inimagináveis da troca. como quebras de continuidades que se mostram agora contínuas. senti estilhaços do que foram fragmentos desconexos sobrepostos suavemente como vereditos irrefutáveis. trazendo o palpitar para a ponta dos dedos e o desacelerar nocivo da iluminação nas vísceras para outras vértebras (arrepio súbito dorsal).
 Alguém em algum recanto decifrava os manuscritos renovados, alguém compartilhava o testemunho das anti-visões deturpadas e enternecidas pela falsidade anteposta, ilusão cotidiana.
Soavam como pequenos sinais dispersos ao longo de letras dislexas, manifestando conexões que vão além de fios e ciber atualizações, pretensão ou possibilidade?
Até que ponto um contundente acionamento da memória pode ter força extraordinária? Como saber que quando penso forte é porque pensas forte também? Logo você que nem conheço? É possível uma conexão telepática apática? Ou não passa de mera projeção? quando escrevo observo detalhes impressos em divagações nostálgicas, recantos encobertos por grossa folhagem tropical. Umidade relativa, medida nas envergaduras flexíveis e estanque em velhas prosopopéias.
Eu tinha certeza que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Indução? Intuição? Não sabia...
Vertigem ardilosa de quem esperava ainda mais clareza. A verdade é que se criam expectativas de todas as ordens e elas são incapazes de controlar nossa própria corrupção. Autoboicote desenfreado: só mais um dia, de um dia não passa.
E há de ter paciência e senso de direção para transitar nesse labirinto de perdição oponente.
A fumaça daquele cachimbo inebriante não te dizia respeito, não sentia o hálito de fronte, nem de perto. um espelho convexo não hesitava em a afastar dos desmandos de fáceis promessas.
Mas naquele tempo o que queríamos já estava de bom tamanho,  era só transpiração para nossos versos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011


Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa


Cheguei. Sinto de novo a natureza.
Longe do pandemônio da cidade
Aqui tudo tem mais felicidade
Tudo é cheio de santa singeleza
Vagueio pela múrmura leveza
Que deslumbra de verde e claridade
Mas nada. Resta vívida a saudade
Da cidade em bulício e febre acesa
Ante a perspectiva da partida
Sinto que me arranca algo da vida
Mas quero ir. E ponho-me a pensar
Que a vida é esta incerteza que em mim mora
A vontade tremenda de ir-me embora
E a tremenda vontade de ficar
Vinícius de Moraes
"The cloak of the Nigth or The Evening Gown (El vestido de noche)" 1954


Costuro o infinito sobre o peito.
E no entanto sou água fugidia e amarga.
e sou crível e antiga como aquilo que vês:
Pedras, frontões no Todo inamovível.
Terrena, me adivinho montanha algumas vezes.
Recente, inumana, inexprimível
Costuro o infinito sobre o peito
Como aqueles que amam.


Hilda Hilst

Magritte, Rene - "The battle of Argonne"- 1959

sábado, 16 de abril de 2011


Aqui, diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.


Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.


Me confesso
possesso das virtudes teologais,
que são três,e dos pecados mortais,
que são sete, quando a terra não repete
que são mais.


Me confesso
o dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo andanças
do mesmo todo.


Me confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.


Me confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.


Me confesso de Abel e de Caim.


Me confesso de ser homem.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.


Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!

Miguel Torga

delicado e expressivo


Uma mão delicada
segura maças renascentistas
capazes de camuflar as marcas do destino
apodrecidas ou não, não são tão grotescas assim

Uma tez alva, um cerrado “mustache” expressivo
Trazia-te um ar de sobriedade canina à La Frank Zappa
como um trago de fumos exóticos em cachimbos de madre pérolas

Carregava um torpor eufórico e compartilhava existenciais fenômenos, único
barragens, barreiras, construtos “from Wood”
não é à toa que toda, toda
todos e tudo mais
te tinto que te tanto
trepido fascínio 


abraços querido.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

.circundante.

quando se conduz a passada
seu tino é a toada.
mas quando o trajeto desvia
tem que içar a rotina
não declinar a energia
que dúvidas são sina.
A travessia fascina
.desafia.

São Paulo tem seus encantos e um deles é o Mercadão.
Uma exuberância de cores, aromas e sabores.
Esta foto foi tirada por mim em minha última passagem por lá.







Foi desde sempre o mar,
E multidões passadas me empurravam
como o barco esquecido.

Agora recordo que falavam
da revolta dos ventos,
de linhos, de cordas, de ferros,
de sereias dadas à costa.

E o rosto de meus avós estava caído
pelos mares do Oriente, com seus corais e pérolas,
e pelos mares do Norte, duros de gelo.

Então, é comigo que falam,
sou eu que devo ir.
Porque não há ninguém,
tão decidido a amar e a obedecer a seus mortos.

E tenho de procurar meus tios remotos afogados.
Tenho de levar-lhes redes de rezas,
campos convertidos em velas,
barcas sobrenaturais
com peixes mensageiros
e cantos náuticos.

E fico tonta.
acordada de repente nas praias tumultuosas.
E apressam-me, e não me deixam sequer mirar a rosa-dos-ventos.
"Para adiante! Pelo mar largo!
Livrando o corpo da lição da areia!
Ao mar! - Disciplina humana para a empresa da vida!"
Meu sangue entende-se com essas vozes poderosas.
A solidez da terra, monótona,
parece-mos fraca ilusão.
Queremos a ilusão grande do mar,
multiplicada em suas malhas de perigo.

Queremos a sua solidão robusta,
uma solidão para todos os lados,
uma ausência humana que se opõe ao mesquinho formigar do mundo,
e faz o tempo inteiriço, livre das lutas de cada dia.

O alento heróico do mar tem seu pólo secreto,
que os homens sentem, seduzidos e medrosos.

O mar é só mar, desprovido de apegos,
matando-se e recuperando-se,
correndo como um touro azul por sua própria sombra,
e arremetendo com bravura contra ninguém,
e sendo depois a pura sombra de si mesmo,
por si mesmo vencido. É o seu grande exercício.

Não precisa do destino fixo da terra,
ele que, ao mesmo tempo,
é o dançarino e a sua dança.

Tem um reino de metamorfose, para experiência:
seu corpo é o seu próprio jogo,
e sua eternidade lúdica
não apenas gratuita: mas perfeita.

Baralha seus altos contrastes:
cavalo, épico, anêmona suave,
entrega-se todos, despreza ritmo
jardins, estrelas, caudas, antenas, olhos, mas é desfolhado, cego, nu, dono apenas de si,
da sua terminante grandeza despojada.

Não se esquece que é água, ao desdobrar suas visões:
água de todas as possibilidades,
mas sem fraqueza nenhuma.

E assim como água fala-me.
Atira-me búzios, como lembranças de sua voz,
e estrelas eriçadas, como convite ao meu destino.

Não me chama para que siga por cima dele,
nem por dentro de si:
mas para que me converta nele mesmo. É o seu máximo dom.
Não me quer arrastar como meus tios outrora,
nem lentamente conduzida.
como meus avós, de serenos olhos certeiros.

Aceita-me apenas convertida em sua natureza:
plástica, fluida, disponível,
igual a ele, em constante solilóquio,
sem exigências de princípio e fim,
desprendida de terra e céu.

E eu, que viera cautelosa,
por procurar gente passada,
suspeito que me enganei,
que há outras ordens, que não foram ouvidas;
que uma outra boca falava: não somente a de antigos mortos,
e o mar a que me mandam não é apenas este mar.

Não é apenas este mar que reboa nas minhas vidraças,
mas outro, que se parece com ele
como se parecem os vultos dos sonhos dormidos.
E entre água e estrela estudo a solidão.

E recordo minha herança de cordas e âncoras,
e encontro tudo sobre-humano.
E este mar visível levanta para mim
uma face espantosa.

E retrai-se, ao dizer-me o que preciso.
E é logo uma pequena concha fervilhante,
nódoa líquida e instável,
célula azul sumindo-se
no reino de um outro mar:
ah! do Mar Absoluto. 




                                   Cecília Meireles


Amém


Hoje acabou-se-me a palavra,
e nenhuma lágrima vem.
Ai, se a vida se me acabara
também!

A profusão do mundo, imensa,
tem tudo, tudo – e nada tem.
Onde repousar a cabeça?
No além?

Fala-se com os homens, com os santos,
consigo, com Deus. . . E ninguém
entende o que se está contando
e a quem. . .

Mas terra e sol, luas e estrelas
giram de tal maneira bem
que a alma desanima de queixas.
Amém.

Cecília Meireles

quinta-feira, 14 de abril de 2011




Magritte, Rene. Le Tombeau des Lutteurs, 1960



Motivo da rosa

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.


Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.


Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.


E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.



Cecília Meireles





"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.O que ela quer da gente é coragem."
                                                                Guimarães Rosa

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aquário translúcido


Aquário translúcido
Rapadura e requeijão
Mergulho, cabeça coral
Corte, rasgando pulsão de azul escarlate

É "cumpanheiro" 
divide a cama e a fama
 lençóis lavanda
brancos áureos imaculados
nem fécula de batata
só um cavalo doido pastando
trevos de quatro folhas

Abre-se a janela
É dia, o sol torpente
Pesadelos de todas as ordens se esvaem
O brilho já não tinha mais a mesma cor
Nada de extraterrestres, nada de extraordinário
Tudo volta a ser opaco e vespertino
Como a brisa da estrada em alta velocidade
Ganhando pastos, ganhando carcarás no ar
Extrapolando fronteiras de todas as ordens
Forasteira da verdade
Mesmice, insanidade

                                              L'oiseau (1928),a painting byPablo Picasso

segunda-feira, 11 de abril de 2011





Que procuras? - Tudo.

Que desejas? - Nada.

Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão."

Cecília Meireles

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Melodias harmoniosas em limites próximos vem num sopro vespertino





Revoada de codornas chocas
remanso de vertigem passageira
esteira de palha e as pedras no milho
paiol, cobra coral chocalha
bicho de pé na mangueira
fogueira e as labaredas
pássaros citadinos noturnos
são pardais à procura de becos entre frestas
nas varandas e varais
vilas da alma
vilipendiado viveres
paina e plumas das palmeiras
coco oco, ribanceira
Lesmas, caracóis, espirais
Curral, bezerro pula
freira gorda alada
Poeira levanta, leite no balde
Polenta deglute, miado de gato
Tecendo saberes
nos melindres maus dizeres
nos causos, infotúnios
nas interações da rotina
Zumbizando voa o mosquito
Zoa no ouvido o zumbido
Fera, farpa, atrás da cerca
Fecha porta Mariquita!
Abre só ao ½ dia.








“…há quase dez anos sou um homem que desperta, curado de longa, amarga e mansa loucura, e que está perplexo, e que não consegue lembrar-se, sem rir, de seus antigos erros, e que não sabe o que fazer de sua vida. Voltei a ser o viajante sem passagem que era aos sete anos: o condutor entrou no meu compartimento, ele me fita, menos severo que outrora: na realidade, só deseja ir embora, deixar-me concluir a viagem em paz; basta que lhe dê uma desculpa válida, não importa qual, ele a aceitará. Infelizmente não acho nenhuma e, aliás, não tenho mesmo vontade de procurá-la: ficaremos a sós um com o outro, no mal-estar até Dijon, onde bem sei que ninguém me espera.
Desinvesti, mas não me evadi: escrevo sempre. Que outra coisa fazer?
Nulla dies sine linea.
É meu hábito e também é meu ofício. Durante muito tempo tomei minha pena por uma espada: agora, conheço nossa impotência. Não importa: faço e farei livros; são necessários; sempre servem, apesar de tudo. A cultura não salva nada nem ninguém, ela não justifica. Mas é um produto do homem: ele se projeta, se reconhece nela; só este espelho crítico lhe oferece a própria imagem.
De resto, esse velho edifício ruinoso, minha impostura, é também meu caráter: a gente se desfaz de uma neurose, mas não se cura de si próprio".
Trecho de As palavras de Jean-Paul Sartre (1964)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Palácio das Águias - Guaxupé-MG




Olá leitores, 

Em junho do ano passado publiquei fotografias e um pouco da história que se contava acerca do “Palácio das Águias - Guaxupé-MG” - um casarão localizado na cidade de Guaxupé-MG. Os relatos de alguns moradores do entorno me informaram em conversas informais e despretensiosas que se tratava de uma casa mal assombrada. 

E como diz o ditado popular e acrescentou um amigo em seu comentário, “quem conta um conto, aumenta um ponto” e a versão das ruas, não é a versão da família, que se manifestou com comentários esclarecedores.
A versão contida na postagem anterior contém o mito, já esta aqui contém as devidas retificações baseadas nos relatos  que os próprios familiares de  Fito Puntel, idealizador e construtor do Palácio das Águias acrescentaram. Trago também uma imagem original da década de 30, carinhosamente ofertada por Ulisses Caio Puntel (tataraneto).

O arquiteto italiano Giuseppe Puntel, conhecido entre seus amigos e familiares como Fito teve na verdade vários filhos, como apontou Ulisses (tataraneto) em um comentário. Segundo ele seus nomes segundo são: Adua, Mussulini, Hitler, Itálico, Marconi, Luiza, Iolanda, Orlando Anúncio, Aurora, José Filho Homero e outros. Ulisses sugere também a visita ao site: http://www.genealogiapuntel.com/ que contém toda a genealogia de sua família e recomenda: “É só clicar em Giuseppe Puntel / Pêta”.
De acordo com os comentários realizados neste blog, na postagem referida, Fito nunca matou nem sequer teria maltratado nenhum de seus filhos. No entanto, teria acontecido um importante incidente desagradável com um de seus filhos, o Mussolini, que aos seis anos de idade caiu de uma das torres do Palácio e sofreu consequência, apresentando seqüelas cerebrais. Foi em função dessa fatalidade que a comunidade local acabou gerando falácias que resultaram na construção de um mito de mau agouro em torno do Palácio.

Ainda conforme Débora, nora de Maria uma das filhas de Giuseppe Puntel adita, os sete filhos do segundo casamento chamam-se: “Iolanda, Itálico, Marconi, Luiza Adua, Mussoline, Hitler e Maria”.

dAS triPAs coração



                      gory kitsch.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

Filmes

Curiosamente de forma não planejada dediquei-me neste fim de semana a assistir filmes densos, complexos e que demandam uma carga emocional fortíssima. 
Eu diria que o que estes  filmes: “Que bom te ver viva” (brasileiro), “O Céu que nos protege” (estadunidense) e "Cenas de um Casamento" (sueco) têm em comum é a capacidade de despertar contingentes reflexões subjetivas.




Ficha técnica:
Título Original:  Que Bom Te Ver Viva
Gênero:  Drama
Diretor:  Kátia Cop e Maria Helena Nascimento
Origem:  Brasil
Idioma:  Português
Duração:  103 min.
Dublado

Sofrido e necessário, este filme apresenta como proposta uma mescla de ficção e realidade ao unir depoimentos de mulheres que foram torturadas durante a ditadura militar brasileira com interpretações fictícias da atriz Irene Ravache.

Para  além dos relatos de tortura, de toda a discussão social e política envolvida, sutilmente pude abstrair uma forte e recorrente característica da condição humana, manifesta em uma ressalva em se envolver emocionalmente com a dor, em compartilhar devidamente, em ouvir e tentar entender o que se passa no íntimo daquele que sente.

As pessoas em geral não querem ou não conseguem lidar com seus traumas e em que medida podem colocá-los na roda ou "incomodar" alguém com seus problemas? O filme também desperta para essas questões.

Essas mulheres, essas vítimas  por ironia do destino nunca deixam de ser.
Pude perceber que o que tem em comum na fala dessas mulheres é uma grande necessidade de compartilhar seu sofrimento numa tentativa de amenizá-lo ou torná-lo mais suportável, mais infelizmente muitas vezes não conseguem com seus amigos e familiares, pois todos tem um limite até para ouvir e se comprometer. Mas também vejo muita satisfação pela demonstração de que elas sobreviveram bem, com saúde física e mental, e que tocam suas vidas apesar dos pesares. E que a causa valeu a pena.

O filme é uma homenagem a todas as pessoas que sobreviveram a repressão militar e transpuseram o tênue limite da sanidade mental.




Ficha técnica:
Título original: (The Sheltering Sky)
Lançamento: 1990 (EUA)
Direção: Bernardo Bertolucci
Atores: Debra Winger, John Malkovich, Campbell Scott, Jeill Bennett.
Duração: 138 min
Gênero: Drama


Tenso, enigmático, inebriante, este filme é incrível, difícil de descrever.
Muito forte!


Sensações orgânicas: ânsia, palpitação, inquietação, formigamento, lágrimas, euforia, inércia.


Algumas imagens:












sábado, 2 de abril de 2011

Tenho razão de sentir saudade, 
tenho razão de te acusar. 
Houve um pacto implícito que rompeste 
e sem te despedires foste embora. 
Detonaste o pacto. 
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência 
de viver e explorar os rumos de obscuridade 
sem prazo sem consulta sem provocação 
até o limite das folhas caídas na hora de cair. 
Antecipaste a hora. 
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas. 
Que poderias ter feito de mais grave 
do que o ato sem continuação, o ato em si, 
o ato que não ousamos nem sabemos ousar 
porque depois dele não há nada? 
Tenho razão para sentir saudade de ti, 
de nossa convivência em falas camaradas, 
simples apertar de mãos, nem isso, voz 
modulando sílabas conhecidas e banais 
que eram sempre certeza e segurança. 
Sim, tenho saudades. 
Sim, acuso-te porque fizeste 
o não previsto nas leis da amizade e da natureza 
nem nos deixaste sequer o direito de indagar 
porque o fizeste, porque te foste. 


Carlos drummond de Andrade

Não, São Paulo não me cativou nesse ano. Para mim, privilégio não é estar onde “todo mundo está”, mas estar em um lugar onde se pode, num ...