terça-feira, 29 de março de 2011



Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim…
De pensada, mal vivida…
Triste de quem pensa assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter…
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim; ‘stou em mim dividido.
Se ao menos chovesse menos!
PESSOA, Fernando. Poesia: 1931-1935. São Paulo: Cia das Letras, 2009. 

Um comentário:

Não, São Paulo não me cativou nesse ano. Para mim, privilégio não é estar onde “todo mundo está”, mas estar em um lugar onde se pode, num ...